Uso de programas ‘alternativos’ pode prejudicar funcionamento de celular. Quebra de contrato também pode trazer problemas na Justiça.
Internautas de todo o mundo – inclusive do Brasil – usam fóruns e blogs para divulgar que conseguiram desbloquear o iPhone, celular da Apple vendido com exclusividade nos EUA para clientes da operadora AT&T. Mas aqueles interessados em usar esses aparelhos de “código aberto” devem ficar atentos: além de a prática poder ser considerada ilegal pela operadora, ela torna os celulares da Apple vulneráveis a ataques e a problemas causados pela desconfiguração.
Isso acontece porque, quando o celular multimídia é desbloqueado, seus usuários podem fazer a instalação de diversos programas não inclusos no “portfolio” oficial do iPhone. “Esses programas alternativos não foram testados para esse produto específico e podem causar problemas”, alerta Alexandre Ichiro Hashimoto, mestre nas subáreas de sistemas integrados, microeletrônica e de novas tecnologias pela Escola Politécnica da USP.
De acordo com o especialista, uma das complicações pode ser a desconfiguração do equipamento, que pode até fazer com que ele deixe de funcionar. Outro problema, também sério, está ligado à segurança. “Dependendo do que é instalado, o usuário acaba permitindo que pessoas mal-intencionadas roubem as informações armazenadas no iPhone”, continuou Hashimoto.
Se o usuário de um dispositivo desbloqueado tiver esse tipo de problemas, não poderá reclamar com as empresas responsáveis pela comercialização do iPhone.
O especialista considera vantajoso o fato de o desbloqueio deixar o usuário livre para escolher sua operadora, mas aconselha os interessados no iPhone a aguardar. Ele lembra que a Apple está fechando outras parcerias em todo o mundo e afirma que, com tantas boas opções disponíveis no mercado, não é necessário burlar o contrato de fidelidade. Ainda assim, ele reforça: “se for realmente usar o iPhone desbloqueado, cuidado com aquilo que instala”.
Justiça
Por se tratar de uma polêmica muito recente, ainda não há informações se os usuários que quebrarem o pacto de fidelidade entre AT&T e Apple vão responder na Justiça. Segundo o advogado Renato Opice Blum, isso depende do contrato. “Se o documento tiver essa restrição em relação ao fornecedor de serviço, ela é válida e não é considerada abusiva”. Nesse caso, os usuários podem responder por tentativa de fraude.
A revista “Business Week” classificou como polêmica a falta de clareza em relação à legalidade da oferta de telefones já desbloqueados ou de softwares que realizam o desbloqueio. “A lei não é clara nesse sentido e ainda não há qualquer caso na Justiça para que possamos saber como essa questão funciona”, afirmou à publicação Jane Ginsburg, professor de direitos autorais literários e artísticos da Columbia Law School, nos EUA.
Para as companhias interessadas em oferecer esse serviço, os problemas já começaram. A UniquePhones, empresa que desbloqueia telefones celulares, afirma ter sido ameaçada via telefone por advogados da operadora AT&T. Na ligação, representantes da companhia teriam dito que processariam a UniquePhones por uso indevido de conteúdo protegido por direitos autorais e disseminação ilegal de software.
“Temos o software para desbloqueio, ele funciona e estamos prontos para oferecê-lo, mas a AT&T ficou um pouco irritada com essa idéia”, divulgou a empresa, que ainda não liberou esse serviço.
O iPhone mede 6,1 cm x 11,4 cm x 1,3 cm, pesa cerca de 140 gramas e tem tela de 3,5 polegadas sensível ao toque, um de seus principais chamarizes. Sua bateria tem duração de até oito horas para chamadas de voz, seis horas para uso de internet, sete horas para exibição de vídeos e 24 horas para música. O aparelho também tem sistema Bluetooth, para comunicação com acessórios sem fio e permitirá acesso à internet através de tecnologia Wi-Fi. O modelo de 8 GB custa US$ 600 nos EUA, enquanto o aparelho com 4 GB sai por US$ 500.
Fonte: G1
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